Sobre o que acredito...

Acho que não existe nada tão especial quanto ser presenteado pela vida. Um presente dado pela vida normalmente não deixa mais do que uma lembrança, mas é tudo que precisa ser deixado.

Uma das melhores lembranças que tenho de juventude foi uma caminhada. Em uma tarde despretensiosa no acampamento da Igreja do Planalto no El-Rancho, saímos João Felipe, Vitor, Zieg e eu para fazermos uma trilha. Do lado do refeitório do acampamento passa o rio Corumbá, e por ele seguimos por umas 2 horas, até chegarmos no topo do Salto de Corumbá. O dia estava claro, com algumas nuvens brancas espalhadas, permitindo uma agradável mistura de calor e sombra.

Plenitude é uma boa palavra para explicar o que senti no topo daquela cachoeira, com o barulho da queda d'água, sentado em uma piscina de água fria (simplesmente perfeita depois de uma longa caminhada debaixo do sol e da mata fechada). Não me lembro de algum outro momento em que a vida fizesse tanto sentido. A simples felicidade de existir, e poder estar ali, naquele momento.

Espontaneamente nos juntamos para orar. Não me lembro de quem foi a idéia, e também nunca foi objetivo de nossa trilha, mas foi algo que fez muito sentido. Agradecer o presente. Agradecer por viver aquilo tudo. Simplesmente agradecer.

Descemos a cachoeira, e refizemos o nosso caminho de volta ao acampamento. Era um acampamento religioso como muitos outros que eu já fui, e mesmo assim, uma das minhas maiores experiências espirituais aconteceu no topo da cachoeira. Nenhum pastor, nenhuma pregação, mas definitivamente com a presença de Deus.

Não me entendam errado. Sou presbiteriano, e sempre fui criado na igreja. Vivi nela grandes momentos (alguns muito pouco religiosos), e posso dizer que grande parte do que eu sou devo a ela. Mas se alguém quiser entender qual a minha religião, tente entender aquele momento, no topo do Salto de Corumbá.